Por Rodolpho Jordão
Olá Pessoal. Primeiramente, gostaria de agradecer o convite do pessoal do Clube da Cutelaria para escrever este artigo. Eu me chamo Rodolpho Jordao (@rodolphoknife) e gostaria de deixar bem claro que não me considero um colecionador nato, mas sim um fervoroso apreciador da arte da cutelaria. A maioria de todas as facas que eu tenho em minha coleção eu uso, sim, faca para mim tem que usar.
A arte de perceber e analisar todos os detalhes de cada peça, começa na lâmina, no cabo e finalizando na bainha. Comecei minha coleção de facas a uns 6 anos, sendo que mais assiduamente nos últimos 3 anos. Minha história começou dentro de casa vendo minha bisavó, avó e mãe cozinhando e mexendo nos mais variados modelos e tamanhos que elas tinham, nenhuma de cutelaria, até onde eu sabia. Com o passar do tempo, o interesse foi aumentando. Após um dos meus cursos de culinária, onde conheci um grande amigo e colecionador, este hobby tomou uma importância maior no meu dia a dia. Como todo iniciante moderno, me debrucei no computador e fui pesquisar e estudar sobre o que seria a Cutelaria. Com isso, me surpreendi com esta arte, pois cada faca possui personalidade nas mãos dos cuteleiros. Tive muita sorte de conhecer três amigos que me deram uma direção deste mundo. Morar no Estado que tem os melhores cuteleiros do país me ajudou muito também, pois foi aqui que encontrei as informações que precisava. Um desses amigos, me convidou para ir à Feira da AGC (Associação Gaúcha de Cutelaria) que acontece todo segundo final de semana de cada mês em Porto Alegre. Este evento abriu meus horizontes, me vi completamente envolvido neste mundo, querendo me aprofundar, cada vez mais sobre o assunto.
Conhecer novos tipos de facas e lâminas, novos cuteleiros, o processo de forja, como é feito a escolha de bons aços e um bom alinhamento de fio, tudo isso é muito importante, e definitivo na qualidade e construção de uma faca. A primeira faca que comprei foi uma modelo Gauchinha, feita de tesoura de tosquiar lã de ovelha. Comprei na estrada vindo da cidade de Alegrete. Já minha segunda, já comprada na feira, foi uma de modelo Chef, a qual o nome do cuteleiro eu não recordo, mas uso muito na minha rotina na cozinha. A partir da minha experiência na feira, percebi que só havia colocado as mãos em facas feitas por cuteleiros de marcas famosas como Tramontina, Mundial, Zwilling e, ainda não tinha percebido o que era realmente uma faca e o real trabalho que o cuteleiro tem na hora de produzir a sua peça. Ainda meio tímido e não sabendo muito, fiquei com receio em gastar dinheiro em alguma coisa que não fosse de boa qualidade. Chegando em casa, comecei a pesquisar alguns nomes que conheci e vi suas mesas na feira, como Rodrigo Sfreddo, Sandro Boeck, William Porto, Daniel Ferri, Vinicius Lapiniski e mais outros tantos que no primeiro momento eu não sabia o que cada um representava nesta profissão. A feira foi um divisor águas. Tenho certeza que todos aqui já passaram por isso, aquele início onde você tem vontade de comprar tudo que vê pela frente ou o que o dinheiro pode comprar. Por um lado, foi bom, para eu poder realmente entender o que é uma faca de boa qualidade e o que não presta. Na entrevista do Rodrigo Sfredo com o Berardo (dois grandes nomes da cutelaria nacional), Sfredo reforça que não interessa a quantidade, e sim na qualidade da peça que você quer adquirir. Com isso, parei de comprar faca que nem um louco. Antes de cada compra, pesquisava sobre os diferentes tipos de aço, o que seria uma faca de carbono, uma de inox e uma de damasco, pensando na lâmina. Não menos importante, o cabo por sua vez seria um complemento fundamental na composição da faca. Este pode ser de cabo de madeira, madeira estabilizada, canela de girafa, molar de mamute e outros materiais deixam as peças mais bonitas e caras. Após esta pequena introdução, hoje em dia, eu sou um cara bem mais atencioso e com algumas preferências na minha coleção, procurando e garimpando, sempre peças novas, mas também sem deixar as inovações e sem desafiar os amigos cuteleiros nas encomendas. Para as minhas novas aquisições, o que mais me chama atenção são as lâminas e sua geometria de fio, assim como os alinhamentos do cabo com a lâmina, como também o preparo do gavião.
Dentro da minha coleção, a grande maioria são facas de modelo Gaúcha, que se não estou enganado, a facas mais produzidas, já que fazem parte do ritual de qualquer bom churrasco uma boa faca Gaúcha para cortar belos pedaços de carne. Apesar de ter muitas facas de modelo Gaúcha, a minha paixão são as facas Chef e as Japonesas. Ultimamente, apareceram as facas EDC, aquelas pequenas, (EveryDayCarry). Com suas lâminas, com alto poder de corte, leveza e conforto, são coisas que mais chamam minha atenção. Uma outra parte importante da faca são os cabos, que a cada dia que passa apresentam formatos e materiais variados, como por exemplo, as madeiras estabilizadas, que dão maior durabilidade aos cabos e cores diferenciadas. Tudo isso acaba agregando um valor considerável na peça e não tão importante mas com já falado pelo Rodrigo Sfreddo a bainha é parte essencial da faca que protege a lamina e também deve ser feita com muito capricho e cuidado. Para finalizar, você me pergunta: como comprar uma faca de forma segura? Do ponto de vista de colecionador e consumidor recomendo antes de efetuar a compra, pesquisar muito, já que temos diversas fontes como, internet, livros, fóruns, grupos pelo WhatsApp e até mesmo fazer contato com o cuteleiro, sendo esta uma das formas mais seguras. Para comprar existem diversas formas, lojas online e físicas, intermediários (Dealers), além de grupos de leiloes no WhatsApp ou também diretamente com o cuteleiro. Por último, espero que gostem e que este seja a primeiro de muitos artigos. A cutelaria definitivamente é uma arte e como mencionado, de peças únicas, uma faca nunca será igual a outra e os cuteleiros estão em constante aprimoramento, devido as exigências de colecionadores e consumidor. O mercado vem crescendo muito nos últimos anos e na minha opinião a cutelaria no Brasil não deixam em nada a desejar para qualquer estrangeiro.
Rodolpho Jordao
(@rodolphoknife)
Fonte de inspiração para colecionadores iniciantes como sou eu, publicação maravilha não falta detalhe! Parabéns ao pana Rodolfo, sucesso para o Site!